sábado, 25 de maio de 2013

Mensagem de escritor

As pessoas em geral ouvem com interesse os enredos que tento elaborar. E descubro que tenho um prazer bandido de protelar o texto. É muito melhor contar uma história cara a cara. É animado, como o teatro, o cinema. Um gesto numa mesa de um bar, de um restaurante, um olhar, mesmo que seja para narrar uma história, é delicado e significativo. A história sai ao mesmo tempo no que digo e no que faço. Imagino o tremendo prazer dos aedoi, dos griots, dos repentistas, trovadores. É circense. Com a atenção alheia voltada para nossa boca, a narração pulsa. Quantas histórias boas são contadas por cima de mesas todos os dias ao redor do mundo? Salvem as mesas, esse palco informal e nivelador! Quantas histórias contadas em pé, em estado semiébrio? Salvem as calçadas, os cantos com boa acústica, salvem as cantadas bem feitas e artísticas.
Contar a história ao vivo é mais curto e mais interessante. Isso me desencoraja um pouco. Um pouco.
Quando comparo a história que conto à história que escrevo, me sinto um tanto incompreendido... por mim mesmo. A escrita tem algo de intrinsecamente pretensioso.


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