sexta-feira, 12 de julho de 2013

O título

Ontem, voltando do banco e como sempre perdido e pensando, uma frase, um verso de um poema que brotava na minha mente, e agora não sei dizer se já tinha pensado nesse verso antes ou não... Não sei ao certo. Mas pensei que nenhuma chuva é em vão.
Nenhuma chuva é em vão.
E pensei que talvez esse fosse um bom nome para o livro que estou escrevendo... "As Mensagens do Tempo", "Bilhete do Tempo". Esses sempre foram nomes definitivos do romance. Porque se trataria de um romance pretensioso sobre reviver o passado e saltar ao futuro.
Mas um novo nome, um que diga menos sobre o conteúdo, menos antecipatório, preparatório, um título que seja somente uma observação mineral, sem ação; talvez se retirarmos o verbo ser:
"Nenhuma chuva em vão"

Quando minha casa desmoronar,
por causa da borrasca imaculada,
comigo dentro e contigo saindo,
não olhes atrás, amigo, mas parte.

Nenhuma chuva chega em vão,
não encontrei pérolas por acaso
no suave pescoço daquela mulher,
pérolas perecíveis, que a água lava.

Depois que a mansão desabar,
e estiveres longe, inarrependido,
permito-te um breve descanso,
numa esquina. Que te dê fôlego!

No teu cansaço eu serei teu açoite
não haverá moradia, nem repouso,
não estarei lá. Não olhes atrás. Vai!
Sente essa chuva. Pérolas voadoras.

Onde havia essa casa, hoje o fosso,
como uma ostra banhada pelo céu,
engolindo diamantes. E um fugitivo,
onde estavas, um caminho, onde moravas...



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comentários são bem-vindos!